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sábado, 11 de dezembro de 2010

Fortalecimento de instituições republicanas e democráticas

Um dos grandes trunfos do governo Lula é ter aprimorado, fortalecido e criado mecanismos de democracia direta, como a Conferência Nacional de Segurança Pública, a Conferência Nacional de Comunicação e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Democracia direta é fundamental para manutenção de instituições republicanas e democráticas, abaixo post do Marco Weissheimer do RS Urgente.


Clemente Ganz Lúcio - A transformação que nós precisamos fazer no país exige a construção de um novo "contrato social", de um novo acordo social. Na medida em que a estratégia de desenvolvimento passa por dentro do Estado, abre a possibilidade de nós construirmos uma nova aliança social capaz de garantir a longo prazo essa estratégia de desenvolvimento.

Viviane Senna - Todos nós aqui representamos pontos-de-vista diferentes, somos de segmentos diferentes e defendemos, muitas vezes, interesses diferentes. E isso não tem nada de errado, isso faz parte da fisiologia, e não da patologia de qualquer sistema democrático, O errado não é defender interesses, o errado é fazer isso de costas para o todo



A rica experiência de 8 anos do CDES



O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão de assessoramento da Presidência da República, está completando oito anos de atividade. Neste período, empresários, trabalhadores, professores universitários, movimentos sociais, lideranças comunitárias e representantes da sociedade em geral debateram uma agenda de desenvolvimento para o país. Quem participou das reuniões e seminários promovidos pelo CDES teve a oportunidade de conhecer uma experiência ousada e original de participação da sociedade no assessoramento do presidente da República.

O Rio Grande do Sul terá a oportunidade de conhecer esse tipo de prática a partir de 2011, com a instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social em nível estadual pelo governo Tarso Genro. O desafio de coordenar a instalação do CDES gaúcho está nas mãos de Marcelo Danéris.

Infelizmente, a imensa maioria dos debates do CDES foi ignorada pelos meios de comunicação, o que privou a população de ter acesso a informações e debates valiosos sobre problemas do Brasil e propostas para superá-los. O CDES produziu um vídeo de 12 minutos para fazer um balanço deste período e mostrar um pouco do que foi feito. Dá uma ideia do tipo de debate e espaço de participação que pode ser aberto aqui no Estado a partir de janeiro. A direção é de Maria Velloso, com roteiro de Katarina Peixoto, edição de André Oliveira e locução de Clarissa Pont.

domingo, 14 de novembro de 2010

Porto Alegre, que merda de democracia é essa?

Dois casos absurdos:

Primeiro:


A escritora e atriz Telma Scherer relata em seu blog o lamentável episódio ocorrido sexta-feira na Feira do Livro de Porto Alegre, quando foi vítima de uma ação truculenta por parte de integrantes da Brigada Militar no momento em que fazia uma performance artística em praça pública. Parece que estava “incomodando o comércio” na Feira. Se incomodou, fez muito bem, reforçando a idéia expressa no artigo de Marcelo Carneiro da Cunha, publicado aqui no RS Urgente (“A Feira precisa mudar”). Mas deixemos que a Telma conte o que aconteceu com ela. O vídeo abaixo também registra a ação da Brigada contra uma manifestação cultural num dos principais eventos culturais da cidade de Porto Alegre.


Por que fui calada?

Enquanto eu estava fazendo a minha performance, na Praça da Alfândega, fui cercada por aproximadamente dez policiais e retirada de lá contra a minha vontade.

Os policiais primeiro me levaram para fora da Praça, longe das luzes da Feira, acompanhada pelos brigadianos e duas motos, na presença de um grande público, amigos, leitores.

Perguntei o que estava acontecendo e disseram que eu precisava me identificar.

Depois me pegaram pelo braço e me puseram dentro de uma viatura com quatro policiais. Perguntei o que estava acontecendo e me disseram que eu estava sendo levada para fazer exames médicos. Eu chorava copiosamente pensando que, diante do público da Feira, eu era tratada como uma doente mental, bandida, criminosa, perturbadora da paz. E sem entender o que estava acontecendo, o que fiz de culpável.

Não fizeram qualquer exame. Apenas aguardei até que o vice-presidente da Feira chegou na delegacia e conversamos. Eu falei o óbvio: que a imagem poética é plurissignificativa, eu estava realizando uma manifestação artística, apenas, e em nenhum momento compreendi qual o crime que eu estava cometendo e nem o porque de ser retirada dessa forma.

Eu quis apenas expressar sentimentos relacionados à vivência que tive nos últimos meses, quando acumulei muitas contas e tive que deixar o apartamento onde morava. Formei com as contas uma imagem poética em três dimensões, pus meu corpo em cena e utilizei alguns objetos cênicos.

O público parece ter se identificado, pois foi muito receptivo e acolhedor. Foi por causa dele que fiquei até o fim. Agradeço às pessoas que se manifestaram apoiando-me e inclusive revoltando-se com aquela situação.

O público leitor. Foi para encontrá-lo que fiz minha performance. Ela não incentiva a leitura? O vice presidente da Câmara disse que o objetivo da Feira é incentivar a leitura, quando o perguntei.

É para o público que eu escrevo e pretendo escrever o melhor possível. Ainda que, às vezes, seja difícil encontrar um lugar adequado para isso.

Estou chocada e sem compreender o porque de toda essa truculência com uma escritora em praça pública. Ora, uma escritora conversando com o público em um evento literário de repente tem de ser retirada dessa forma, como se estivesse cometendo crimes hediondos? Cada um interpreta uma performance à sua maneira, se o chapéu caiu certeiro na consciência de quem se incomodou com a minha presença, não posso fazer mais do que dizer: essa interpretação é sua.

O pior foi ter de interromper a minha performance. Eu estava em cena. Já fui contratada tantas vezes para fazer performances de poesia pelos próprios promotores do evento. Se buscarem os guias da Feira dos anos anteriores verão que estive na programação de 2009, 2008, 2007… Em 2010, não enviei propostas de atividades simplesmente porque, no ano passado, cansei demais. Convidaram-me para o Feira Fora da Feira, aceitei, e estou fazendo performances nas comunidades, aos sábados. Já estive na Lomba do Pinheiro, na Tristeza e amanhã, abalada moralmente, humilhada e entristecida, irei até o Morro da Cruz cumprir a atividade do Feira Fora da Feira.

Por que fui calada?

(*) Escritora, atriz, licenciada em Filosofia na UFRGS e mestre em Literatura Comparada na UFRGS


Segundo:

Também via RS Urgente:

Teatro de Rua está proibido em Porto Alegre?

Daniel Hammes envia vídeo que mostra outro caso de tentativa de proibição de teatro de rua em Porto Alegre. O fato ocorreu dia 16 de outubro na Esquina Democrática, centro da capital gaúcha. A Brigada Militar tentou interromper a apresentação da peça Árvore de Fogo da Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta FaveLA. Os atores (incluindo uma criança de 11 anos que participava da apresentação) foram detidos e conduzidos a um posto da Brigada Militar “para identificação”. Não adiantou muito invocarem o artigo 5° da Constituição: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação independente de censura ou autorização”…

A Rede Brasileira de Teatro de Rua promove quarta-feira (17) um ato público na Esquina Democrática em repúdio ao desrespeito aos artistas, à exigência de autorização para apresentações na rua e à cobrança para a utilização de espaços públicos. “Pedimos que todos que passaram por algum tipo de repressão nas ruas nos mandem seu relato para leitura no dia do Ato para mostrar a todos que não estamos sós! As manisfestações populares de rua não vão parar!”, dizem os organizadores da manifestação


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A esperança venceu o preconceito


- Eu elegi a primeira mulher Presidenta do Brasil

- Eu votei por uma mulher que foi presa - com idade em que a maioria é acéfala - por lutar por suas convicções, que foi torturada e não entregou seus companheiros.

- Eu votei pelo Estado Laico

- Eu votei por uma visão social-democrata

- Eu votei pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania

- Eu votei pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

- Eu votei pelo Programa Universidade Para Todos

- Eu votei pela Conferência Nacional de Comunicação

- Eu votei pelo fortalecimento da Polícia Federal

- Eu votei pelo Minha Casa, Minha Vida

- Eu votei pelo Bolsa Família

- Eu votei pelo Luz Para Todos

- Eu votei pelo Programa Nacional de Direitos Humanos III

- Eu votei pelo Plano Nacional de Banda Larga

- Eu votei pelo aumento da classe média

- Eu votei pelo recorde de criação de empregos formais

- Eu votei por um salário mínimo que cresceu 74% a mais que a inflação

- Eu votei pelo menor Risco-País da história

- Eu votei por uma política externa independente

- Eu votei por um governo que se preocupa em criar e fortalecer mecanismos de democracia direta

Eu votei por um Brasil que continue mudando, eu votei no que significa a demissão da Maria Rita Kehl, eu votei contra o preconceito, eu votei contra o elitismo, eu votei contra uma classe média conservadora, eu votei por um governo em que o povo seja sujeito da política e não objeto dela.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Quando a ascensão social causa medo e perplexidade

Texto do Luiz Carlos Azenha, do Vi o mundo. Os negritos e links são do original.

Há, por toda parte, da direita à esquerda, uma certa perplexidade. Intelectuais à esquerda e à direita se debruçam sobre a campanha eleitoral com uma ponta de saudosismo e desprezo pela aparente despolitização do eleitorado. O domínio do marketing, a presença do Tiririca e a influência de Lula são apontados como sinais de que a democracia brasileira está às vésperas de um naufrágio.

Em um caderno especial, “Desafios do Novo Presidente”, o Estadão exibe sua saudade de um tempo em que ainda era possível controlar o protagonismo das multidões para negociar, por cima, uma “solução política”. Foi assim no movimento das Diretas Já! , em que o vozerio das ruas foi instrumentalizado para buscar uma democracia “de bastidores”. “Democracia à brasileira”, anuncia o Estadão, obviamente sem notar a ironia contida na escolha da foto. Se tivesse escolhido uma imagem da greve dos metalúrgicos do ABC, em 1980, não seria, naturalmente, o Estadão, embora a greve tenha sido o golpe que de fato chacoalhou o regime militar.

Na Folha, um colunista identificou no Tiririca o símbolo de tudo o que há de errado com a política brasileira. Ele se esqueceu que a despolitização é herança da cidadania negada e está explícita não só nos candidatos bizarros, mas também em partidos que não resistem a prévias internas para a escolha do candidato a presidente. O dedaço, como se sabe, é um mal apenas quando praticado pelo atual presidente da República, nunca quando se dá em um apartamento de Higienópolis. Politização exige engajamento. A amnésia do colunista se estende à campanha movida contra as tênues tentativas do governo Lula de promover a cidadania política, através das conferências nacionais e do Plano Nacional de Direitos Humanos, campanha da qual fez parte… a Folha.

O Globo de domingo gastou uma página inteira de papel e tinta para falar em Vazio de ideias, por que a apatia e a ausência de reflexão tomaram conta da campanha eleitoral. Na página, o poeta Claufe Rodrigues prega “mudar radicalmente o sistema de representação”. Será que ele sonha com o voto censitário? O jornalista Eugenio Bucci trata como “discurso autoritário” a propaganda eleitoral de Dilma Rousseff que dá ênfase à ascensão social (‘”pusemos” não sei quantos brasileiros na classe média’). O sociólogo Bernardo Sorj fala em “massa apática”, sustentada pela “classe média pagadora, que se preocupa com problemas como liberdade de expressão, transparência do Estado e corrupção”.

Curiosamente, as pílulas de O Globo revelam mais sobre os entrevistados do que sobre a população brasileira, os eleitores brasileiros e a conjuntura política e econômica do Brasil. Revelam desconhecimento, preguiça intelectual e a falta de reflexão que eles, os entrevistados, preferem atribuir — como sempre — “aos outros”.

Infelizmente, pouca gente tem se dedicado até agora a estudar a erupção política de milhões de brasileiros como resultado da ascensão social que eles viveram nos últimos anos. O fenômeno, em números, foi retratado mais recentemente no estudo A Nova Classe Média: o Lado Brilhante dos Pobres, da Fundação Getúlio Vargas. Do ponto de vista da ciência política, foi estudado por André Singer, em Raízes sociais e ideológicas do Lulismo.

Além da ignorância, no entanto, torcer o nariz para a atual campanha eleitoral também serve a um objetivo político: desqualificar antecipadamente os eleitos. Para além do golpismo, no entanto, está a perplexidade de classe — e aqui localizamos a esquina onde se encontram direitistas e esquerdistas (alguns, pelo menos). O Brasil é um país de extrema concentração de poder, de riqueza e de saber. E o fenômeno que vai influenciar as eleições brasileiras a longo prazo representa uma ameaça a essa sociedade, em que as “ideias” políticas, de comportamento e de consumo “vertem” dos ungidos em direção às massas.

Assistimos, em câmera lenta, a uma revolução nos papéis sociais, que vai se acelerar quando a ascensão econômica se combinar com a interiorização do conhecimento, o acesso à universidade e as tecnologias de informação.

Perplexos, os que se acreditam mantenedores de nossa ordem hierarquizada confundem sua irrelevância com a decadência definitiva da democracia brasileira. É um jeito elegante de dizer que eles sentem desprezo pelos pobres.