sábado, 25 de dezembro de 2010

O mais lindo que já li sobre o Natal

Postado em novembro de 2009 pelo Milton Ribeiro:

História de Natal

Aos três anos de idade, Maria foi entregue ao Templo a fim de dedicar sua vida a Deus. Era uma das muitas meninas que lá executavam todo gênero de trabalhos, desde os manuais até os de limpeza; nas horas vagas, oravam e liam as Escrituras. Um dia, aos 13 anos, notou em suas roupas as manchas vermelhas que a impediriam de continuar. Tornara-se alguém passível de contaminar a pureza das outras virgens do Templo; então, foi posta à disposição dos homens. Acostumada a não decidir sobre seu destino, não ficara muito surpresa com a resolução que sorrateiramente seu corpo tomara.

Havia uma espécie de loteria da qual participavam os solteiros e viúvos que desejassem esposas e José ganhou Maria. José era um velho — caminhava com o auxílio de um cajado — e tinha outros filhos: Tiago, José, Simão e Judas. Ele não necessitava de mulher a fim de satisfazer sua rara concupiscência, mas precisava de alguém que fizesse o trabalho diário de casa e para isso Maria servia. Tendo vivido no Templo, era certamente prendada. Porém, muito magra e amedrontada, não o motivava a nada, talvez nem a seus filhos. Seria fácil manterem distância de sua mulher. Após o casamento, José deixou Maria intocada e acabou por abandoná-la por quatro longos anos, pois fora chamado a um trabalho fora da Judéia, mais exatamente em sua Galiléia natal.

Enquanto isso, ela seguia realizando o trabalho doméstico para o qual fora treinada no Templo: alimentava os filhos do marido, lavava e costurava roupas, mantinha a casa em ordem e procurava não ficar íntima dos rapazes. Sabia que sua posição de “esposa” pressupunha uma postura estranha junto aos filhos de seu marido. Era mais jovem do que eles, então retraía-se, o que para ela, crassa tímida, era fácil. Suas horas mais felizes eram aquelas poucas que passava nas feiras, trazendo a matéria-prima para as refeições do dia seguinte e admirando as roupas e tecidos. Pensava ser pecado a vaidade, mas como resistir ao colorido deles? Perguntava repetidas vezes seus preços de alguns deles, esperando até que baixassem. Comprava bastante, pois a costura fazia parte de suas funções e os homens da casa frequentemente estragavam suas vestes na lida. Como não tinham muito dinheiro, ela pechinchava, perdia a timidez e tornava-se conhecida dos vendedores. Algumas vezes, fora advertida de que as roupas que fazia ganhavam detalhes insperados, femininos. Os rapazes riam daquelas manias de menina de Maria. Gostavam dela, era como uma irmã mais nova para eles.

Certo dia, um desses comerciantes a atraiu para sua casa a fim de que ela visse alguns tecidos, verdadeiras maravilhas à preços módicos. Maria, correspondendo a seus convites, passou a visitá-lo em sua casa. Repugnava-lhe a forma como ele um dia a tratou e tinha absoluta certeza de estar fazendo algo errado, mas tinha receio do que o comerciante poderia dizer na feira. O fato repetiu-se. Os filhos de José não se davam conta de que Maria passara a possuir provisões extras de tecidos, de comida e de quinquilharias para a casa e para si. O que lhes importava é que seus serviços permanecessem de acordo com suas necessidades e neste quesito Maria era impecável. Porém, ela tinha repetidos pesadelos em que era punida severamente por seu comportamento. Neles, sempre estava presente José e seus filhos, acusando-a de ser má esposa. Muitas vezes era assassinada; outras vezes, enfrentava tribunais nos quais o comerciante a culpava por seduzi-lo e acabava condenada aos piores suplícios. Na verdade, o que Maria desejava era ter José de volta. Fantasiava com um tratamento mais viril de sua parte. Afinal, com quase 16 anos, já era uma mulher.

O anúncio do retorno de José coincidiu com a interrupção de sua menstruação e com o arredondamento de suas formas. O bico de seus seios machucavam-se contra os tecidos novos de suas roupas, os vômitos tornaram-se frequentes e sua barriga começou a adquirir um inequívoco formado convexo. José retornou e impressionou-se com Maria. Ela tinha a sua altura e, contrariamente a quatro anos, falava, dava ordens em casa e era bonita. Naquela noite, José abraçou-a carinhosamente, de um modo que fez com ela se abandonasse a ele. Ele sentiu em si o bojo crescente no ventre de Maria e perguntou-lhe o que aquilo significava. Maria abraçou-se a ele e, chorando, contou-lhe que tivera um sonho em que um anjo lhe penetrara e que, pela manhã, estava suja de sangue. Disse-lhe que o filho era daquele anjo. Só podia.

José não era um cético, longe disto, mas resolveu perguntar a seu filho Tiago — logo a ele, depois autor de um evangelho apócrifo — sobre a conduta de Maria durante sua ausência. Este assegurou-lhe que Maria era uma boa e fiel esposa, que nunca faltara-lhes nada e que ela os tratava com amor e respeito. José estava confuso, sentia-se sozinho com sua dúvida. Preocupava-se com o que os outros iam dizer de uma gravidez tão imediata a seu retorno e proibiu Maria de sair de casa. Aquela seria a solução: ninguém a veria grávida, veriam apenas a criança depois de nascida e diriam que o parto fora abreviado, que a criança nascera antes, algo assim. No fundo, depois de tantos anos longe, José queria sua esposa e seu filho, precisava da convivência e da companhia deles. Além disto, havia outros motivos para preocupações.

Herodes havia mandado matar todas as crianças da Judéia e José estava preparando-se para esconder seu filho. Jesus nasceu e José decidiu partir novamente, desta vez levando sua família. Na estrada, pararam para descansar numa estrebaria fora de uso, colocando o bebê sobre uma manjedoura. Estavam famintos quando viram três homens cambaleantes se aproximando. Seus hálitos de vinho foram sentidos por Maria e pelos irmãos de Jesus à distância. Eram bons homens que, ao verem a dificuldade daquela família, ofereceram-lhes algum dinheiro, insenso e mirra. José ficou com o dinheiro — que resolveria seus problemas imediatos — e com o insenso. Gostou do trio. Devolveu-lhes a mirra por não saber do que se tratava. Quando perguntou quem eram, eles brincaram, afirmando serem reis magos. José riu, bebeu com eles de seu vinho e dormiu, sonhando com um grande futuro para seu filho. Viu-o embrulhado num manto, vestido como se fosse uma espécie de santo. Na manhã seguinte, seguiram para a Galiléia.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A fé não faz mal

O vídeo abaixo é um vitória da violência cruel, do machismo, do fanatismo. A mulher foi condenada a chibatadas por usar calças sob as vestes muçulmanas.

É triste, e nós somente nos surpreendemos porque não temos o conhecimento de como estas coisas estão acontecendo por aí todos os dias.

O costume, as tradições, não podem servir de desculpa para a brutalidade.

Daniel Dennett em recente entrevista para o Jornal da Universidade afirmou que:
Religiões são fenômenos tão importantes que precisamos estudá-los com todos os recursos disponíveis, e isso quer dizer que precisamos arrancar o véu, temos que parar de ser hiper-respeitosos com relação à religião




O texto abaixo é de Eduardo Patriota Gusmão Soares, via Bule Voador:

A Sharia é a doutrina dos direitos e deveres religiosos do islã. Abrange as obrigações cultuais (orações, jejuns, esmolas, peregrinações), as normas éticas, bem como os preceitos fundamentais para todas as áreas da vida (matrimônio, herança, propriedade e bens, economia e segurança interna e externa da sociedade). Originou-se entre os séculos VII e X d.C. a partir dos trabalhos de sistematização realizados por eruditos e legisladores islâmicos e baseia-se no Corão, suplementado pela Suna, a descrição dos atos normativos do profeta Maomé. Além da Sharia e do Alcorão existe ainda a Fiqh, que é a jurisprudência islâmica e é constituída pelas decisões dos académicos islâmicos que dirigem as vidas dos muçulmanos.

Segundo a professora de política e autora de livros sobre o islamismo e as mulheres, Asma Barlas, temos que: “Independente do que se pense sobre essas leis, a verdade é que grande parte do que se considera como direito divino nas sociedades muçulmanas não se sustenta, ou, na melhor das hipóteses, tem apenas uma sustentação mínima ou específica, na palavra divina. Por exemplo, a Sharia/fiqh permite a morte por lapidação em caso de adultério, ao passo que o Corão não faz referência a essa pena em qualquer contexto (…).

E continua: “(…) O problema é que existe uma anomalia no centro da estrutura em que as leis muçulmanas foram formadas historicamente, que é a separação entre o Corão, suna, Sharia e fiqh, para não falar entre elas e costumes e tradições populares muçulmanos. Uma consequência disso é que os muçulmanos muitas vezes não sabem a diferença entre o Corão ou a Sharia (…)”.

O que a professora está tentando explicar é que o Alcorão não prega tais violências contra a mulher. Aliás, se tivermos em conta a História, verificamos que penalidades como a lapidação provém da Lei Judaica. Os Judeus lapidavam as mulheres e os homens adúlteros. É uma prática que existe na Lei de Moisés. Na mitologia cristã, Jesus foi o primeiro a contestá-la. Mas o Alcorão está longe de ser um livro melhor que as escrituras cristãs. Ele prega chibatadas em libertinos, morte aos incrédulos e outras incitações de ódio e guerra àqueles que não seguirem o que o deus da mitologia islâmica acha ser o melhor.

O que está em curso em alguns países do Oriente Médio, principalmente, é o uso de leis islâmicas por parte dos clérigos muçulmanos que deturpam as leis, interpretando-as em favor de seus planos escusos e tornando isso parte da lei e tradição locais.

O resultado de livros sagrados dúbios, clérigos misóginos e intransigentes e um povo que não contesta o que ouve ou lê, aceitando a palavra de outros como se fosse a de seu próprio deus, não podia ser muito melhor do que aquilo que vemos ocorrer em países fundamentalistas. Ou seja, mortes por enforcamento, lapidação, chibatadas e outros tipos de penalidades por motivos muitas vezes fúteis. Como ocorreu no Sudão, onde uma mulher foi sumariamente condenada a levar 50 chicotadas no meio da rua pela polícia por usar calças debaixo das vestes muçulmanas.

As chicotadas em público foram criticadas pela União de Mulheres Sudanesas, organização anti-governo que divulgou uma nota chamando o incidente de “vergonha, desonra e humilhação a todas as mulheres sudanesas”.

Mas não adianta lutar assim. Esta forma de opressão só diminuirá quando o povo acordar de seu transe e perceber que talvez a religião não tenha assim tantos direitos sobre a vida pessoal. Melhor, talvez percebam que a religião nem se refira a algo de verdade e que estão todos sofrendo e regredindo a troco de nada. Até lá, o povo e sua religião seguem sendo os algozes do bem-estar e da liberdade de si mesmos.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Human Rights Defenders 2010


Marko Karadzic - There is not a simple recipe. You're either human right fighter every single moment of your life, it doesn't matter are you in the office, sitting with your friends... It is most important that you're sharing that idea of tolerance, equality, universality and being able to speak for those whose voices are not heard

sábado, 11 de dezembro de 2010

Campanha


Da ATEA:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS:

10/12/2010 16h35min: A empresa responsável pela veiculação em Salvador entrou em contato com a Atea informando que não iria cumprir o contrato assinado com a entidade, temendo ação do Estado e dos empresários de ônibus. A Atea estuda ação legal.

10/12/2010 18h10min: A Atea recebeu a informação de que a veiculação em Porto Alegre também foi barrada. A informação ainda precisa ser confirmada.

A arrecadação para a campanha continua, e parte dos recursos será destinada às ações jurídicas que necessariamente seguirão. Contribua!

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A partir do dia 13 de dezembro de 2010, ônibus com mensagens a respeito de ateus, ateísmo e religião circularão em duas capitais brasileiras.

A iniciativa da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos apresenta quatro mensagens que expõem um pouco do que pensam os ateus. É mais um passo dado pela entidade para o reconhecimento dos descrentes na sociedade como cidadãos plenos e dignos. São 10 ônibus em Porto Alegre, financiados por um único doador paulista que prefere permanecer anônimo, e 5 ônibus em Salvador, financiados com recursos da entidade e outros doadores.

Você também pode ajudar a financiar esta campanha através de nossa página Contribua. Para vincular sua doação exclusivamente aos anúncios em ônibus, basta utilizar valores inteiros terminando em 1: R$11, R$21, R$101, etc. Contribuições com outros valores serão dirigidas para as demais atividades da Atea, listadas na seção Dia a Dia.

A campanha dos ônibus não procura fazer desconversões em massa. Nossos objetivos são conseguir um espaço na sociedade que seja proporcional aos nossos números, diminuindo o enorme preconceito que existe contra ateus, e caminhar rumo à igualdade plena entre ateus e teístas, que só existe quando o Estado é verdadeiramente laico - o que está muito, muito longe de acontecer.

Contexto

O lançamento da campanha ocorre pouco depois de o Ministério Público Federal ajuizar ação civil pública contra o jornalista José Luiz Datena pedindo retratação de suas afirmações ofensivas contra ateus. Datena já é alvo de um inquérito civil aberto pelo Ministéiro Público Estadual e uma investigação criminal na Delegacia de Crimes de Racismo e Discriminação, em São Paulo, requerida pela Atea.

As iniciativas de autoridades públicas em defesa dos ateus, embora tenham sido provocadas pela Atea e outros ateus indignados, são inéditas no país e constituem marcos importantes em nossa luta por direitos. Recentemente a Atea exerceu direito de resposta em dois grandes jornais do país com relação a um par de artigos de Frei Betto relacionando tortura a ateísmo militante.

Enquanto isso, nos EUA os American Atheists veicularam um outdoor em Nova York celebrando a razão. Quatro grandes organizações de ateus norte-americanos lançaram em outdoors, ônibus, trens e em jornais e revistas a maior campanha de divulgação ateia já veiculada, segundo relato da American Humanist Association. No Canadá, o Centre for Inquiry está lançando acampanha "Alegações extraordinárias requerem evidências extraordinárias", com anúncios em ônibus, eventos educativos e discussões online. Inspirado na famosa citação de Carl Sagan, o material compara Jesus ao pé-grande, OVNIs e outras entidades do mesmo calibre.

A história da campanha

Na primeira semana de 2009 foi lançada a primeira campanha publicitária do Reino Unido versando sobre ateísmo, promovida pela British Humanist Association. A campanha tem site próprio (onde podem ser compradas camisetas) e vem atraindo atenção da grande mídia desde o seu lançamento, em outubro de 2008 -- inclusive no Brasil. A arrecadação de fundos para a campanha brasileira começou na semana seguinte. Como a iniciativa foi largamente ignorada pela mídia, a Atea decidiu lançar uma "pré-campanha" em 2010 com o fim de levantar fundos para uma segunda etapa.

A pioneira iniciativa britânica começou com o objetivo de arrecadar £5.500 (cerca de R$19.000). Mas em quatro dias chegou a £100.000 e passou do incrível valor de £135.000 (R$465.000), uma cifra considerável mesmo para os padrões britânicos. Foram 800 ônibus com o slogan "Deus provavelmente não existe. Agora pare de se preocupar e viva sua vida". A campanha inclui milanúncios no metrô com frases adicionais, duas grandes telas de LCD (uma com 3,7m² e outra com 7,4m²) com versões animadas do slogan e uma mensagem na BBC. Não há risco de mal-entendidos: a campanha é explicada em detalhe no próprio site da BHU. E a imprensa nacional continuou a cobriro desenrolar dos fatos.

Em novembro de 2009, a American Humanist Association lançou uma ação semelhante. Campanha igual à britânica está sendo veiculada em dois ônibus de Barcelonasob protestos) e só não chegou à Austrália porque a companhia local responsável pelos anúncios em ônibus se recusou a expô-los.Na Itália, a campanha foi proibida.

Com a fundação da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, era mais do que hora de criar uma ação nos mesmos moldes aqui no Brasil. Nosso desejo inicial era de veicular os anúncios no metrô de São Paulo, devido a sua enorme visibilidade. No entanto, a companhia proíbe "assuntos polêmicos" e "temas de cunho religioso". Em 2010, a Atea assinou contrato com uma empresa de mídia para lançar a campanha em São Paulo, mas ela se recusou a veicular os anúncios depois de tomar conhecimento do seu conteúdo, alegando que uma determinação da EMTU proíbe temas religiosos, o que foi negado pelo setor técnico da empresa. Atualmente, a entidade está analisando se cabe ação judicial.

Leia artigos sobre a Atea e a campanha dos ônibus no portal Terra, na revista Isto É, no Jornal O Tempo e breves comentários de Marcelo Rubens Paiva em sua coluna semanal no Estado de São Paulo e no seu blog. Até o Jornal Nacional noticou a campanha espanhola. O fato de ter demorado mais de dois meses para relatar o que já não era mais notícia sugere uma grande resistência da redação em levar a matéria ao ar.

Fortalecimento de instituições republicanas e democráticas

Um dos grandes trunfos do governo Lula é ter aprimorado, fortalecido e criado mecanismos de democracia direta, como a Conferência Nacional de Segurança Pública, a Conferência Nacional de Comunicação e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Democracia direta é fundamental para manutenção de instituições republicanas e democráticas, abaixo post do Marco Weissheimer do RS Urgente.


Clemente Ganz Lúcio - A transformação que nós precisamos fazer no país exige a construção de um novo "contrato social", de um novo acordo social. Na medida em que a estratégia de desenvolvimento passa por dentro do Estado, abre a possibilidade de nós construirmos uma nova aliança social capaz de garantir a longo prazo essa estratégia de desenvolvimento.

Viviane Senna - Todos nós aqui representamos pontos-de-vista diferentes, somos de segmentos diferentes e defendemos, muitas vezes, interesses diferentes. E isso não tem nada de errado, isso faz parte da fisiologia, e não da patologia de qualquer sistema democrático, O errado não é defender interesses, o errado é fazer isso de costas para o todo



A rica experiência de 8 anos do CDES



O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão de assessoramento da Presidência da República, está completando oito anos de atividade. Neste período, empresários, trabalhadores, professores universitários, movimentos sociais, lideranças comunitárias e representantes da sociedade em geral debateram uma agenda de desenvolvimento para o país. Quem participou das reuniões e seminários promovidos pelo CDES teve a oportunidade de conhecer uma experiência ousada e original de participação da sociedade no assessoramento do presidente da República.

O Rio Grande do Sul terá a oportunidade de conhecer esse tipo de prática a partir de 2011, com a instalação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social em nível estadual pelo governo Tarso Genro. O desafio de coordenar a instalação do CDES gaúcho está nas mãos de Marcelo Danéris.

Infelizmente, a imensa maioria dos debates do CDES foi ignorada pelos meios de comunicação, o que privou a população de ter acesso a informações e debates valiosos sobre problemas do Brasil e propostas para superá-los. O CDES produziu um vídeo de 12 minutos para fazer um balanço deste período e mostrar um pouco do que foi feito. Dá uma ideia do tipo de debate e espaço de participação que pode ser aberto aqui no Estado a partir de janeiro. A direção é de Maria Velloso, com roteiro de Katarina Peixoto, edição de André Oliveira e locução de Clarissa Pont.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

WIKILEAKS

Os valores principais são: homens capazes e generosos não criam vítimas, eles cuidam das vítimas.

Já tinha visto no TED, mas fui lembrado por um post do Diário Gauche da entrevista de Julian Assange. O cara já começa com uma resposta sensacional:

Chris Anderson: Foi divulgado que o Wikileaks, seu bebê, divulgou nos últimos anos, mais documentos sigilosos do que o resto de toda mídia do mundo junta. Isso pode ser verdade?

Julian Assange: É, isso pode ser verdade? É uma preocupação não é? Que o resto da mídia do mundo esteja fazendo um trabalho tão ruim que um grupinho de ativistas consegue publicar mais informações desse tipo.





Como diz o nome, a inspiração do site vem da Wikipédia e seu espírito de colaboração. Fundado em 2007, o WikiLeaks, segundo Assange, especializou-se em permitir a pessoas “censuradas”, sobretudo jornalistas investigativos, que publiquem sob completa confidencialidade informações consideradas importantes. Por trás do site está a Sunshine Press. É uma organização financiada por ativistas de direitos humanos, jornalistas investigativos, gente do mundo da alta tecnologia e o público em geral. O site não trabalha com conteúdo impresso.“Em três anos, o WikiLeaks já deu mais furos que o Washington Post nos últimos 30”, comentou alguém, na semana passada, diante da produtividade investigativa do WikiLeaks.

Assange e o WikiLeaks ganharam notoriedade planetária em abril de 2010. O motivo disso foi a divulgação, pelo WikiLeaks, de dois vídeos com áudio que mostram o ataque, a partir de um par de helicópteros Apaches do Exército americano, a um grupo de pessoas em Bagdá, a capital do Iraque. Um dos vídeos é extenso, o outro é a versão curta. Era julho de 2007, e os disparos mataram 12 pessoas, além de ferir duas crianças. Entre os mortos estavam dois funcionários da agência de notícias Reuters; um fotógrafo, de 22 anos, e seu assistente e motorista. A câmara do fotógrafo foi confundida com uma arma e a turma toda, que vinha caminhando pelas ruas de Bagdá, foi tomada como “insurgentes”, a designação dos que combatem a presença americana no Iraque.

Sobre a acusação de estupro:

A Suécia tem uma lei draconiana em relação a estupros. Você pode ser processado por estupro se começar uma sessão sexual com preservativo e terminá-la sem. (Aparentemente, foi este o caso de Assange.) Em nenhum país da União Européia o índice de denúnciais formais de estupro é parecido com o da Suécia. Parece fazer parte da cultura feminina sueca de autoafirmação acusar homens de estupro. Nasceu daí a recomendação anedótica: vai copular com uma sueca? Pegue antes uma autorização por escrito.

E guarde.

Tudo isso posto, Assange parece ter vacilado e sido vítima de si próprio. Um artigo do jornal britânico Guardian feito na Suécia relata que ele aparentemete fora avisado das peculiaridades suecas sobre sexo. Uma pessoa ouvida pelo Guardian diz ter falado a Assange que ele poderia ter problemas legais caso se comportasse sexualmente como parece ser seu padrão. Batata. As suecas Anna Ardin e Sofia Wilen acabaram indo à justiça contra ele, para imensa felicidade de governos de todo o mundo.


Do Mauricio Santoro. Links do original:

A reação das autoridades mundiais, em particular nos Estados Unidos, foi violenta e extrema, com o surgimento de uma acusação de estupro contra o fundador do site, acompanhada por um mandado de prisão emitido pela Interpol. Medo do quê mais o Wikileaks pode divulgar... O que há de pior nas mensagens é a constatação de como os diplomatas americanos têm cruzado a fronteira da espionagem com freqüência perturbadora. Com o agravante de que os documentos divulgados até agora não são top secret, em geral são despachos rotineiros de embaixadores para seus ministérios. Não houve, por exemplo, nenhum texto produzido exclusivamente para chefes de Estado ou escalões superiores restritos.

Houve boa quantidade de documentos relativos ao Brasil, o que mostra a importância crescente do país para os Estados Unidos. Os temas envolvem críticas ao combate brasileiro ao terrorismo (avaliações negativas do governo, mas elogiosas da Polícia Federal e das ações do Ministério da Fazenda na repressão a crimes financeiros), acompanhamento do papel de “potência emergente” (negociações com o Irã, aproximação com a França).



Brasil

HezbollahLibaneses trabalhariam em São Paulo para financiar o grupo

Lei antiterrorDilma é responsabilizada por barrar projeto de lei em 2008

TerroristasSuspeitos seriam presos sob acusação de narcotráfico

AntiamericanismoMinistro da Defesa teria dito que secretário do Itamaraty odeia os EUA

BolíviaNelso Jobim teria dito que Evo Morales tem tumor nasal

Plano de DefesaEUA criticam projeto e dizem que submarino nuclear é ‘elefante branco’

OlimpíadasDiplomata admite possibilidade de haver ataques durante Rio-2016

AmazôniaEUA dizem que Brasil é paranóico com o assunto

GuantánamoBrasil rejeitou refúgio para presos de Guantánamo

Venezuela - Governo Lula teria negociado com EUA apoio à oposição venezuelana

AviõesEUA interferiram em negociações sobre compras de caças

EUA

Espionagem na ONUHillary Clinton teria ordenado espionagem sobre funcionários da entidade

LíderesDiplomatas relataram impressões sobre líderes com termos pejorativos

GuantánamoEUA ofereceram visita de Obama e milhões de dólares para quem recebesse presos

Armas nuclearesEUA mantêm armas nucleares na Holanda, Bélgica, Alemanha e Turquia

Locais estratégicos - Site divulga lista de locais ‘vitais’ para segurança nacional dos EUA

Reino Unido

ParanoiaPaís se tornou ‘paranoico’ sobre relação com EUA

Irã

Arábia SauditaRei Abdullah teria pedido aos EUA que atacasse Irã para frear programa nuclear

Supremo líder - Aiatolá Ali Khamenei, supremo líder do país, teria câncer terminal

MísseisCoreia do Norte forneceu foguetes de potencial nuclear ao Irã

UrânioRelatório aponta que Irã busca combustível nuclear na América Latina

LíbanoIrã teria usado ambulâncias do Crescente Vermelho para levar armas ao Hezbollah

Rússia

MáfiaRússia é chamada de ‘Estado mafioso’ em documento

Paquistão

Armas nucleares - EUA temiam uso de material radioativo em atentados e tentam remover urânio de reatores

Infiltração - Soldados dos EUA foram infiltrados nas forças paquistanesas

Resposta militar - Paquistão teria ‘resposta militar’ a ataque da Índia

América Latina

HondurasEUA afirmam que Manuel Zelaya foi deposto por um golpe

ArgentinaEUA pediram relatório sobre o estado de saúde mental de Cristina Kirchner

CubaCuba dá refúgio a integrantes do ETA e Farc

México - Calderón pede ‘presença visível’ dos EUA

Egito

Nuclear - Egito cogita bomba atômica, segundo telegrama vazado

China

Google – China contratou rede de hackers desde 2002 e teria invadido o servidor do site em janeiro

Tensão nas Coreias- Pequim estaria disposta a abandonar Coreia do Norte e apoioar reunificação coreana

EspionagemEx-permiê de Cingapura diz que Mianmar, Camboja e Laos espionam para Pequim

+ Google - China ordenou ataque ao site do buscador

Oriente Médio

IsraelGoverno consultou líderes palestinos e do Egito antes de atacar a Faixa de Gaza, em 2008

Oriente MédioNetanyahu apoia troca territorial com palestinos

Igualdade, justiça e liberdade são mais que palavras. São perspectivas!

sábado, 4 de dezembro de 2010

minhas retinas tão fatigadas

devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira
(Budapeste - Chico Buarque)


Da TV Estadão:

Em vídeo produzido pelo Instituto Moreira Salles Uma Pedra no Meio do Caminho é declamado em diversas línguas.

As declamações de que mais gosto são as em português, francês, alemão e espanhol.



No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

É preciso muito estudo

Por um idealismo sem ilusões

Do Civitas Maxima.org - Estudos Sergio Vieira de Mello:

A melhor leitura que já fiz para entender melhor não só o papel, mas as ações da ONU foi a biografia de Sergio Vieira de Mello

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

NASA-Funded Research Discovers Life Built With Toxic Chemical

Do site da NASA. Negritos são meus.


NASA-funded astrobiology research has changed the fundamental knowledge about what comprises all known life on Earth.

Researchers conducting tests in the harsh environment of Mono Lake in California have discovered the first known microorganism on Earth able to thrive and reproduce using the toxic chemical arsenic. The microorganism substitutes arsenic for phosphorus in its cell components.

"The definition of life has just expanded," said Ed Weiler, NASA's associate administrator for the Science Mission Directorate at the agency's Headquarters in Washington. "As we pursue our efforts to seek signs of life in the solar system, we have to think more broadly, more diversely and consider life as we do not know it."

This finding of an alternative biochemistry makeup will alter biology textbooks and expand the scope of the search for life beyond Earth. The research is published in this week's edition of Science Express.

Carbon, hydrogen, nitrogen, oxygen, phosphorus and sulfur are the six basic building blocks of all known forms of life on Earth. Phosphorus is part of the chemical backbone of DNA and RNA, the structures that carry genetic instructions for life, and is considered an essential element for all living cells.

Phosphorus is a central component of the energy-carrying molecule in all cells (adenosine triphosphate) and also the phospholipids that form all cell membranes. Arsenic, which is chemically similar to phosphorus, is poisonous for most life on Earth. Arsenic disrupts metabolic pathways because chemically it behaves similarly to phosphate.

"We know that some microbes can breathe arsenic, but what we've found is a microbe doing something new -- building parts of itself out of arsenic," said Felisa Wolfe-Simon, a NASA Astrobiology Research Fellow in residence at the U.S. Geological Survey in Menlo Park, Calif., and the research team's lead scientist. "If something here on Earth can do something so unexpected, what else can life do that we haven't seen yet?"

The newly discovered microbe, strain GFAJ-1, is a member of a common group of bacteria, the Gammaproteobacteria. In the laboratory, the researchers successfully grew microbes from the lake on a diet that was very lean on phosphorus, but included generous helpings of arsenic. When researchers removed the phosphorus and replaced it with arsenic the microbes continued to grow. Subsequent analyses indicated that the arsenic was being used to produce the building blocks of new GFAJ-1 cells.

The key issue the researchers investigated was when the microbe was grown on arsenic did the arsenic actually became incorporated into the organisms' vital biochemical machinery, such as DNA, proteins and the cell membranes. A variety of sophisticated laboratory techniques was used to determine where the arsenic was incorporated.

The team chose to explore Mono Lake because of its unusual chemistry, especially its high salinity, high alkalinity, and high levels of arsenic. This chemistry is in part a result of Mono Lake's isolation from its sources of fresh water for 50 years.

The results of this study will inform ongoing research in many areas, including the study of Earth's evolution, organic chemistry, biogeochemical cycles, disease mitigation and Earth system research. These findings also will open up new frontiers in microbiology and other areas of research.

"The idea of alternative biochemistries for life is common in science fiction," said Carl Pilcher, director of the NASA Astrobiology Institute at the agency's Ames Research Center in Moffett Field, Calif. "Until now a life form using arsenic as a building block was only theoretical, but now we know such life exists in Mono Lake."

The research team included scientists from the U.S. Geological Survey, Arizona State University in Tempe, Ariz., Lawrence Livermore National Laboratory in Livermore, Calif., Duquesne University in Pittsburgh, Penn., and the Stanford Synchroton Radiation Lightsource in Menlo Park, Calif.

NASA's Astrobiology Program in Washington contributed funding for the research through its Exobiology and Evolutionary Biology program and the NASA Astrobiology Institute. NASA's Astrobiology Program supports research into the origin, evolution, distribution, and future of life on Earth.

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Tirando o teatrinho jornalístico, o vídeo da Globonews explica bem a questão: