Foi apresentada pela advogada Isabella Henriques, coordenadora geral do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana uma síntese do documentário Criança, a alma do negócio durante o II Congresso de Direito de Família do Mercosul, organizado pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família. Posto aqui a primeira parte do documentário que mostra uma realidade assustadora perpetrada por uma indústria bilionária, infantilizante (no pior sentido da palavra, porque o que tal realidade faz é retirar a infância das crianças) e imbecilizante. É preciso estômago forte para assistir a certas propagandas.
O papo de que o próprio mercado, através do CONAR – órgão classista formado e financiado pelos interessados nesse mercado- pode regular a publicidade é piada. Os defensores deste tipo de regulação fecham os olhos para as legislações de países de primeiro mundo sobre o tema:
Suécia: proibida publicidade na TV dirigida a crianças menores de 12 anos antes das 12h
Inglaterra: proibida publicidade de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sal dentro e durante a programação de TV para público menor de 16 anos
EUA: limite de 10 minutos e 30 segundos de publicidade por hora nos finais de semana, 12 minutos por hora nos dias de semana. Proibido o merchandising testemunhal
Alemanha: programas infantis não podem ser interrompidos por publicidade
Dinamarca: proibida qualquer publicidade durante programas infantis, e ainda, 5 minutos antes e depois
Alguns dados que aparecem ao longo do filme:
-Bastam apenas 30 segundos para uma marca influenciar uma criança (Associação Dietética Norte Americana)
-80% da influência de compra dentro de uma casa vem das crianças (Pesquisa Intersciente outubro-2003)
-A criança brasileira é a que mais assiste TV no mundo (IBGE)
-O número de jovens que têm a primeira relação sexual aos 15 anos aumentou de 15% para 32% (O Globo)
-80% da publicidade de alimentos dirigidas às crianças são de alimentos: calóricos, com alto teor de açúcar, com alto teor de gordura, pobres em nutrientes
-O mercado infantil no Brasil movimenta 130 bilhões de reais por ano (Revista Exame 2004)
P.S.: e o imprevisível com latas assustadoras, bife de soja, panqueca e fotos de sono foi o melhor.