domingo, 8 de agosto de 2010

Operação secreta da Sea Shepherd expõe massacre em massa de cetáceos

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No dia 19 de Julho de 2010 um grupo de 236 baleias-piloto foram assassinadas sem piedade na cidade de Klaksvik, nas Ilhas Feroe, uma nação constituinte do Reino da Dinamarca. A Sea Shepherd conseguiu documentar o massacre através dos esforços de um ativista que viveu entre os moradores locais disfarçado para conseguir as imagens do massacre, chamado pelos locais de “a trituração”, que envolve encurralar grupos de cetáceos em uma enseada e cortar a coluna vertebral dos animais com uma faca

Baleias piloto são conhecidas por andar em grupos de 200-300 membros. Duzentas e trinta e seis baleias piloto foram massacradas na noite passada em Klaksvik: adultas, prenhas, amamentantes, juvenis e fetos, ainda ligados umbilicalmente com as mães. Um grupo inteiro que antes nadava livremente nas águas do Atlântico Norte foi exterminado em um banho de sangue coletivo”, disse Hammarstedt.

O governo das Ilhas Feroes alega que a morte destas baleias é rápida e indolor, mas as novas imagens mostradas provam o contrário.


“Uma das baleias teve 5 ou 6 golpes brutais à faca na cabeça”, relata Hammarstedt. “Os moradores locais simplesmente usaram esta baleia como apoio. A morte dela foi lenta e extremamente dolorosa. Algumas baleias são atacadas repetitivamente por até 4 minutos antes de finalmente morrerem.

“Bebês foram arrancados de dentro dos corpos cortados de suas mães e deixados para apodrecer no píer”, diz Hammarstedt, que fotografou vários filhotes e fetos mortos. “Baleias piloto são grupos extremamente maternais. Não consigo imaginar o medo e pânico destas mães enquanto seus filhotes eram arrancados de perto delas.”

Baleias piloto são classificadas como “estritamamente protegidas” pela Convenção Européia de Conservação da Vida Selvagem. Permitindo este massacre nas Ilhas Faroes, a Dinamarca falha nas suas obrigações como signatária desta convenção.


Matéria completa aqui

2 comentários:

  1. Bom.. tu sabes que eu tenho sérias restrições a respeito dessa organização. Fazendo uma rápida pesquisa pela rede só reforcei mais minha opinião.

    A Sea Shepherd é uma organização estadunidense, com fortes ações contra os navios baleeiros. A caça de baleias tem um papel socioeconômico bem forte no norte da Europa e no Japão. Existem muitos que pensam que essa organização também serviria como estratégia econômica dos EUA contra esses outros países. Teorias da conspiração a parte, eu não duvido nem um pouco disso.

    Os habitantes das Ilhas Faroes realizaram um massacre EM MASSA das baleias-piloto (que apesar do nome são golfinhos)? Vamos aos números: 236 animais mortos. Segundo estimativas da IWC (International Whaling Commission), ICES (International Council for the Exploration of the Sea) e NAMMCO (North Atlantic Marine Mammal Commission) a população de baleias-piloto do atlântico leste (onde se localizam as Ilhas Faroes) é de 778000. O "massacre" teria matado 0,03% da população! Insignificante... Sendo um pouco mais preciso, a estimativa para os arredores das Ilhas Faroes seria de 100000 indivíduos. Nesse caso, 0,236% da população morta. O impacto continua sendo muito baixo.

    No site da IUCN (que classifica a baleia-piloto em "Dados insuficientes" pela possibilidade de serem mais de uma espécie) os pesquisadores colocam que os único lugares que existe a caça dessas baleias são na Groelândia e nas Ilhas Faroes e que essa captura vem desde o século 9, mas aparentemente não vem causando declínio populacional desde aquela época. Existem dados estatísticos de captura desde 1584, mostrando uma média de captura por ano de 850 baleias e indicando que a caça é provavelmente sustentável. Na Groelândia a caça é relativamente menor.

    Faz parte da cultura desses povos comerem carne de baleia. Imagina se vem um hindu aqui no Brasil e nos proíbe de comer carne de vaca porque é sagrado!

    É muito fácil pra nós olhar pra o problema dos outros e julgar que é errado. Temos que cuidar pra não cair na trova dos outros também. Porque não olhamos nossos problemas antes de julgar os outros? Nós matamos 12 milhões de aves por ano devido ao tráfico de animais silvestres, porque só uma em cada dez sobrevive! E se o Japão invadisse a Amazônia porque não estamos destruindo ela?

    Não quero de maneira nenhuma dizer que não devemos nos preocupar com os problemas do mundo, mas acho que devemos começar olhando pra nós. Da mesma maneira, não quero justificar a sobreexploração das populações de baleias, algumas das quais tiveram graves declínios durante o século passado e talvez não consigam mais se restabelecer. Só digo que temos que cuidar e estudar caso a caso, buscando um uso sustentável desses recursos (ao contrário de como fazem muitos baleeiros).

    A questão da maneira como matam os animais é um pouco mais complicada. Concordo que isso deve ser otimizado, privando o animal ao máximo de dor e sofrimento. No portal do G1 encontrei uma notícia muito parecida dizendo que tinham sido mais de 120 baleias e dizia: "No passado, eles usavam lanças e arpões, mas hoje usam equipamentos modernos, como facas especiais, cordas e bastões de medição." O sentimento de pena com as baleias é válido, mas não são todos que o possuem e muitos deles sobrevivem disso (populações locais e não as grandes empresas). Alguém já viu como funcionam nossos matadouros aqui no Brasil? Mas essa é uma discussão pra outra hora.

    Pra terminar deixo uma pergunta pra qual não tenho resposta... Quem é que deve determinar o quanto algum país deve caçar de baleias? O próprio governo? A própria população que quer usar esses recursos? Os EUA? Todo mundo? É uma questão um tanto complicada.

    Abraço!

    PS: acabei escrevendo um texto... hauhauhaua acho que vai pro adaga!

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  2. Não sabia das estatísticas, bom que tu colocaste elas aqui.

    Concordo totalmente contigo sobre a necessidade desses povos utilizarem a pesca de baleias para alimentação e do papel sócio-econômico (com hífen ou sem?). Aliás, achei um método muito inteligente, agora com barquinho a motor é fácil, queria ver com umas canoinhas vikings como que eles faziam. O que me inquieta é a necessidade de tal método continuar, aqueles esperando na praia mais parecem uma horda morta de fome. Outra questão, que me irritou, é a Dinamarca ter assinado a Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa (Convenção de Berna).

    Li a Convenção agora – coisa que deveria ter feito antes de postar a notícia aqui - e selecionei alguns artigos:

    Disposições Gerais
    Artigo 1°
    1.A presente convenção tem por objetivo garantir a conservação da flora e da fauna selvagens e dos seus habitats naturais, nomeadamente das espécies e dos habitats cuja conservação exige a cooperação de diversos Estados e promover essa cooperação

    2.É dedicada especial atenção às espécies ameaçadas de extinção e vulneráveis, incluindo as espécies migradoras

    Conservação das Espécies
    Artigo 6°
    Cada uma das Partes Contratante adotará as medidas legislativas e regulamentares adequadas e necessárias para garantir a conservação particular das espécies da fauna selvagem enumeradas no Anexo II. Nomeadamente, serão proibidas, relativamente a tais espécies:
    a)Todas as formas de captura intencional, de detenção e de abate intencional

    d) A detenção e a comercialização interna desses animais, vivos ou mortos, incluindo os animais embalsamados, e de qualquer parcela ou produto, facilmente identificáveis, obtidos a partir do mesmo animal, sempre que tal medida contribua para a eficácia das disposições do presente artigo

    As baleias-piloto estão no Anexo II, as duas subspécies, Globicephala melas e Globicephala macrorhynchus, classificadas como espécie estritamente protegida. Não entendi então a razão, se essas baleias são tão importantes para a região, da Dinamarca em ratificar esse negócio, aí que vem um porém:

    Artigo 9°
    1.Cada uma das Partes Contratantes poderá abrir exceções ao determinado nos artigos 4°, 5°, 6° e 7°, assim como à proibição da utilização dos meios mencionados no artigo 8°, quando não exista outra solução satisfatória e se tal derrogação não prejudicar a sobrevivência da população em causa:

    -no interesse da proteção da flora e da fauna;
    -como prevenção de danos importantes nas culturas, no gado, nas florestas, na pesca, nas águas e noutras formas de propriedade
    -com vista a permitir, em condições estritamente controladas, segundo um critério seletivo e numa determinada medida, a captura, a detenção ou qualquer outra exploração judiciosa de alguns animais e plantas selvagens em pequenas quantidades

    Com essa possibilidade, é muito provável que a Dinamarca tenha utilizado o Artigo 9° no que se refere às baleias-piloto

    Sobre tuas questões em resposta, na Convenção quem decide é uma Comissão Permanente. Acho um modelo que pode ser bem empregado, comissões internacionais ao estilo do IPCC. Não é uma resposta, não tenho tamanha pretensão, mas é uma ideia.

    Só posso admitir que a notícia foi um “pouquinho” sensacionalista e que tem gente metida que sai postando qualquer notícia que lê hahaha

    Acabei de ver que tu postaste lá no Adaga.
    Muito bom!
    Abraço.


    Convenção da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais na Europa:http://conventions.coe.int/Treaty/EN/Treaties/PDF/104-Portuguese.pdf

    Anexo II: http://portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/D4A94880-6967-41E2-89E0-CCCD0D7D518A/0/Anexo_II_Conv_Berna.pdf

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